segunda-feira, 25 de maio de 2009

Canção do mestiço

Mestiço!
Nasci do negro e do branco
e quem olhar para mim
é como quem olhasse
para um tabuleiro de xadrez:
a vista passando depressa
fica baralhando a cor
no olho alumbrado de quem me vê.
Mestiço!
E tenho no peito uma alma grande
uma feita de edicção
com 1 e 1 são 2.
Foi por isso que um dia
o branco cheio de raiva
contou os dedos das mãos
fez uma tabuada e falou grosso
mestiço!
a tua conta está errada.
Teu lugar é ao pé do negro.
Ah! Mas eu não me danei..
E muito calminho
arrepanhei o meu cabelo para trás
fiz saltar fumo do meu cigarro
cantei do alto
a minha garganta livre
que encheu o branco de calor!...
Mestiço!
Quando amo a branca
Sou branco...
Quando amo a negra
Sou negro...

Francisco José Tenreiro

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